NA LINHA DOS MELHORES MOMENTOS, AQUI VÃO TRECHOS DAS CRÍTICAS DE SALMO 91 ATÉ AGORA:
Gabriel Villela despoja a cena, com os cinco atores - Pascoal da Conceição, Rodrigo Fregnan, Ando Camargo, Pedro Henrique Moutinho e Rodolfo Vaz - cara a cara com a platéia, desfiando a crueza de uma humanidade que procura, desesperadamente, se manter sobrevivente. Com citações bíblicas e rituais religiosos, permeados por referências futebolísticas, o diretor cria atmosfera de pungente finitude que, sem maiores artifícios cênicos, deixa o real exposto. Aí é até possível encontrar poesia na miséria existencial."
Macksen Luiz
Jornal do Brasil, 26-7-2007
O espetáculo dirigido com rara sutileza por Gabriel Villela radiografa em dez personagens o universo de mais de uma centena deles. Costuradas por analogias com o futebol, as histórias comovem a platéia pelo tom confessional. Em um dos grandes momentos, Pascoal da Conceição incorpora o sofrimento do filho que não seguiu os conselhos da mãe e morrerá sem ler o salmo citado no título da peça. Longe do estereótipo, o ator se destaca no eficiente elenco. Villela dispensa os excessos habituais de suas direções em nome de um bom texto e bons intérpretes.
Dirceu Alves Jr.,
Veja São Paulo
A suspeita de que o potencial do livro Estação Carandiru estivesse esgotado cai por terra com a peça Salmo 91, em cartaz em São Paulo. Primeiro porque o texto de Dib Carneiro Neto parece ser o que melhor reproduz o grande trunfo da obra: as histórias pessoais, narradas pelos criminosos em tom humanista. A direção madura de Gabriel Villela reduziu esses quadros à sua essência: o ator entra, dirige-se à frente do palco e conta sua vida. Com roupas comuns, algumas manchas de sangue nas pernas e simbólicos objetos de cena, os atores Pascoal da Conceição, Ando Camargo, Rodolfo Vaz, Pedro Moutinho e Rodrigo Fregnan transformam os monólogos em pequenas peças de "canto-falado". É de arrepiar.
Ivan Cláudio,
revista Isto É Gente
Salmo 91 é um espetáculo de dureza total que consegue ser compassivo. Quando a luz do palco se acende em azul tênue e a voz dolorida de Elza Soares inicia O Meu Guri, de Chico Buarque, algo começa a prender a atenção do público; e assim será até o fim. São dez monólogos, dez situações, dez "des-humanidades". O espetáculo não começa: explode pelo talento de Pascoal da Conceição que, amarrado e imóvel, descreve o que foi o massacre e, furioso com o salmo pregado pela mãe, abre as portas do desespero de outros personagens. O equilíbrio com tensão contagia um elenco exemplar. Alternando os monólogos com Pascoal da Conceição, os atores Pedro Henrique Moutinho, Rodolfo Vaz (Grupo Galpão), Rodrigo Fregnan e Ando Camargo são, no momento, parte do melhor da nova geração dos palcos. Criam um clima de fornalha com uma brecha para a autocrítica da platéia. Serão apenas aqueles indivíduos os únicos cruéis?
Jefferson Del Rios
(Caderno 2, do Estadão)
A necessidade de Justiça não exclui a compaixão. O monólogo do preto velho (Rodrigo Fregnan) me dilacerou. Quando ele fala no filho, o seu menino, que completa a terceira geração da família dentro daquele inferno e diz que vai ensinar que ali dentro homem não chora, mas o próprio velho se debulha em lágrimas, aquilo me deu uma opressão no peito que parecia que eu ia morrer. E que ator maravilhoso é Pascoal da Conceição! Todos são bons e a peça mereceria um prêmio coletivo de interpretação na votação deste ano da APCA, a Associação Paulista dos Crticos de Arte. Mas o Pascoal... Quando ele se ajoelha no fim, depois que todos cantam o salmo, a sensação que tive foi a de ter viajado, em busca de redenção, às entranhas da miséria humana. Gabriel foi na veia - menos é mais, mas o menos dele inclui uma visualização tão forte que aqueles cinco atores, vivendo dez papéis, tornam-se antológicos. Toda tragédia passa pela palavra.
Luiz Carlos Merten,
no site do Estadão
A peça consegue preservar o talento, o frescor e a humanidade com que Drauzio Varella observa o universo sombrio da prisão. Preste atenção em como o espetáculo se diferencia do livro e do filme de Hector Babenco ao apostar no formato de monólogos.
Gabriela Mellão,
revista Bravo!
É simplesmente espetacular. A peça é dirigida por Gabriel Villela e nos apresenta um elenco afiadíssimo. As histórias comovem a platéia pelo tom confessional e são, como costumo dizer, uma "pedrada". Num palco praticamente limpo, com os próprios atores carregando os poucos elementos cênicos, vê-se em dez personagens, um pouco do universo de dezenas de histórias reais que aparecem no livro. Imperdível.
Por Sérgio Mena Barreto,
Dicas Culturais (www.menabarreto.com.br)
Cada ator faz dois monólogos e um dos mais tocantes é o do travesti Veronique, interpretado por Rodolfo Vaz.
Gisela Anauate,
revista Época
Ao sair do teatro tinha a sensação de ter visto teatro. Coisa rara nos dias de hoje. Uma peça da qual não se sai impune. Penso no Véio Valdo, momento sublime de Pascoal da Conceição, e dias depois repito sozinha "num tô louco, eu tô é oco". A frase não sai da minha cabeça, posto que a palavra é a verdadeira arma do espetáculo. Gabriel Villela enveredou por um caminho diferente daquele ao qual ele havia acostumado seus admiradores, mas o trabalho realizado com os atores continua um dos pontos altos do seu trabalho. Um espetáculo surpreendente, digno de ser visto. E revisto.
Deolinda Vilhena
(site Terra Magazine)
O trabalho do adaptador Dib Carneiro Neto é de extrema perícia e de impressionante síntese dramatúrgica, criando no espectador o mesmo fascínio provocado pela candência verbal espalhada pelas páginas do livro de Drauzio Varella. Pode-se falar que tanto um, no livro, como o outro, no palco, nasceram antológicos, pela sinceridade da escrita. A boa (ou grande?) surpresa da encenação veio do tratamento austero, minimalista dado pelo diretor Gabriel Villela a todos os setores da montagem, notadamente na condução do elenco, todos os cinco atores longe da tentação do maneirismo. Pascoal da Conceição, Pedro Henrique Moutinho, Rodolfo Vaz, Rodrigo Fregnan e Ando Camargo, todos duplamente convincentes, dominando solitariamente o palco, dosando sabiamente ironia, compreensão e o humor subjacente de algumas situações inusitadas. Um indiscutível e paradoxalmente belo momento da superação da arte sobre a vida!
Afonso Gentil,
no site Aplauso Brasil
Salmo 91 é uma obra-prima justamente por apresentar fatos sem apontar culpados ou vítimas. Apenas fatos! Afinal, quem é mais assassino: O homem com um revólver ou os homens omissos que brincam com aviões?"
Célia Regina Forte
jornalista e dramaturga
Assisti à peça e o elenco deu um show. O time está tinindo. A adaptação do Dib, por incrível que pareça, trouxe novidade até para mim, que tinha pouca esperança de deparar-me com alguma novidade. Afinal, depois de ler o livro 2 vezes e ver o filme por 5!!!!... Mas, surpresa, Dib fez um trabalho que mostra o quão fértil é o livro do Drauzio. Misturou histórias/personagens, tirou o médico de cena, foi mais "bárbaro" que o médico-humanista que é Dr. Drauzio, abriu espaço nobre para duas travestis com palavreado riquíssimo-barra pesada, etc, etc. Gabriel Villela nadou de braçada.
Maria do Rosário Caetano
(fanzine Almanaquito)
O texto do adaptador Dib Carneiro Neto - maduro, consciente, e desprovido de qualquer sentimentalismo banal - encanta o público e flui na boca dos excelentes atores , mostrando riqueza idiomática e conhecimento da gíria pertinente de cada personagem, que valoriza ainda mais cada cena e palavra dos monólogos. Gabriel Villela, diretor inteligente, experiente, concebe uma montagem despojada, nua, emocional - feliz parceria desses artistas que envolvem a platéia no sentimento de cumplicidade com aqueles já condenados em vida.
Meu destaque na peça é para os atores - em especial Pascoal da Conceição, que recebe como presente dois personagens fascinantes e nos presenteia, a cada cena, com uma aula de interpretação. Um dos personagens chama minha atenção - "O Velho Valdo" que, no melhor estilo de Grotowsky, exigiu do ator a sua entrega incondicional, transformando-se num velho de 70 anos, despido de maquiagem, figurinos, munido unicamente de sua arte para nos deliciar.
Pamela Duncan,
jornal Ponto de Vista
Neste espetáculo, não há moralismo, julgamento, questionamento... É a dor escorrendo pelas palavras de uma forma tão caudalosa, que não há como ser rotulada... Mais dor? Menos dor? Qual a condição daqueles seres humanos? Ratazanas de um bueiro? Não... não cabe nada disso... É um texto com poder invertido, que, em vez de invocar graças, revela as desgraças... Salmo 91 nos leva novamente para o teatro em sua plenitude: o elo com o sagrado... que não se rompe... o fio de prata que nos liga ao conhecimento.
Alcides Nogueira
escritor, dramaturgo e autor de novelas e minisséries
"Foi uma surpresa contundente, para mim que sou gato escaldado nas águas do livro do dr. Drauzio Varella, ter assistido à montagem que o Gabriel Villela fez do texto do jornalista Dib Carneiro Neto. Encontrei na minha experiência de espectador uma leitura nova, dinâmica e profunda, que me fez em todo instante me esquecer que um dia, há não muitos anos, eu adaptei da mesma fonte um filme chamado Carandiru."
HECTOR BABENCO, cineasta
(Caderno 2, do Estadão)
"O grande mérito do Dib Carneiro Neto foi escrever um texto que respeitou não apenas o conteúdo do meu livro, mas as características dos personagens, da prisão e, especialmente, a linguagem dos presos para criar uma polifonia de forte conteúdo dramático."
DRAUZIO VARELLA, autor do livro Estação Carandiru
(em depoimento para o Caderno 2, do Estadão)
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