terça-feira, 4 de setembro de 2007

Crítica no jornal Ponto de Vista

Salmo 91 – Um convite Humanista -Para não Esquecer.

Depois da carreira bem-sucedida na literatura (Estação Carandiru,) cinema e na televisão, a obra do médico e escritor Drauzio Varela chega ao teatro. Adaptada por Dib Carneiro Neto, a história é encenada pelo diretor Gabriel Villela.
A obra de Dráuzio Varela é rica em detalhes e sentimentos ocultos, explosivos e comoventes
Segundo texto montado do jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto, SALMO 91 traz de volta personagens como o malandro Dadá, Nego-Preto, o romântico Charuto, o travesti Zizi Marli, o Bolacha (Sem-Chance), o Véio Valdo, o enfermeiro Edelso, o Zé da Casa Verde e suas duas mulheres, o travesti Veronique, Valente entre outros.Todos sujeitos às normas de controle de comportamento vigentes na instituição na época e a um rígido código penal não escrito, criado pela própria população carcerária. SALMO 91 traz para o teatro essas pessoas tão diferentes de nós, tão iguais a nós: “cidadãos livres”. A peça leva para os palcos crônicas fascinantes sobre formas de viver e morrer em estado de violência, descaso ou confinamento. Desvenda também os mistérios da vida no cárcere, a forma de os presos se organizarem, os códigos de conduta, a hierarquia dentro da cadeia.

A obra de Dib Carneiro marca a paixão que o adaptador sentiu ao ler a obra de Varella.

O texto de Carneiro - maduro, consciente, e desprovido de qualquer sentimentalismo banal encanta o público e flui na boca dos excelentes atores mostrando riqueza idiomática e conhecimento da gíria pertinente de cada personagem, que valoriza ainda mais cada cena e palavra dos monólogos.

Gabriel Villela, diretor inteligente, experiente, concebe uma montagem despojada, nua, emocional - feliz parceria desses artistas que envolvem a platéia no sentimento de cumplicidade com aqueles já condenados em vida.

Meu destaque na peça é para os atores - em especial Pascoal da Conceição, que recebe como presente dois personagens fascinantes e nos presenteia, a cada cena, com uma aula de interpretação.

Um dos personagens chama minha atenção - “O Velho Valdo” que, no melhor estilo de Grotowsky, exigiu do ator a sua entrega incondicional, transformando-se num velho de 70 anos, despido de maquiagem, figurinos, munido unicamente de sua arte para nos deliciar.

Vale a pena assistir a este espetáculo por inúmeras razões:

- Para não nos esquecermos do que aconteceu;

- Para sentir que as pessoas que por alguma razão estão confinadas, são tão iguais e humanas com qualquer ser a quem amamos;

- Pela montagem despretensiosa, baseada simplesmente na arte da representação.

- E pela feliz conjunção de atores técnicos ,diretores e profissionais envolvidos.

Cotação: Bom

Pamela Duncan-
Ponto de vista-jornais associados

www.jbajornaisassociados.com.br- pameladuncan_@hotmail.com
www.duncan-puebla.ato.br

Temporadas

Teatro Oficina
Estréia dia 30/08 até 23/9 sexta e sábado, 21h30, domingo 19 h. R$ 20.
Rua Jaceguai, 520 - Bela Vista;

Sesc Santo André
Rua Tamarutaca, 302, Santo André
Dias 29 e 30/09. Sábado, às 20hs. Domingo, às 19hs;

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