sexta-feira, 14 de março de 2008

GABRIEL ESTÁ BUDA

Quinta feira, 13/03/2008, sentado na varanda do Teatro Poeira, de costas para a rua São João Batista o lado esquerdo virado pra entrada do cemitério São João Batista, frente para o teatro, com um céu nublado em nuvens que não caiam em chuva ainda, muito calor, estávamos em roda de Buda Gabriel e nossos ouvidos de atores bebiam seus comentários, uma parada de mestre em Botafogo.
“nosso ouvido tem na região da nuca umas glândulas que escutam profundamente o que dizemos, é com essa região, trás da nuca, eu quero que seja falado o texto em bossa nova, sem ferir mais com tanto barulho, de carros, de informação e de bala perdida. Há um barulhão de bomba na cabeça da gente e fica uma surdez daquelas onde todos estão se falando mas não ouvindo nada. Então essa nossa história de violência tão dolorida, já tão esganiçada, que em outros tempos exigiram pulmões de Vicente Celestino hoje estão pedindo a intensidade do João Gilberto. Lentamente, suavemente, entrando fundo, rebolando, dervichando dentro da cabeça de cada um.”

pascoal da conceição

PLATÃO
Platão não admitia os atores na sua República, porque como trabalhamos com a cena e trazíamos para ela tudo, o obsceno, inclusive, como agora fazemos no Salmo, então, segundo Platão, iríamos contaminar a pureza da República, dando destaque a criaturas e costumes que a República não devia nem pensar quanto mais mostrar.
Lembrei que, com o Salmo 91 ainda em São Paulo, Gabriel foi convidado para ir até o Senado da nossa República por uma senadora que não lembro o nome, e não quis ir.
Não iria emprestar a dignidade do teatro conseguida ao custo das cabeças dos muitos bobos da corte a uma República que só sabe oferecer a nós todos a sua decadência. E não foi.

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