sábado, 9 de fevereiro de 2008

KAFKA

"E então começava a execução! Nenhum som discrepante pertubava o trabalho da máquina. Muitos já nem olhavam mais, ficavam deitados na areia com os olhos cerrados. Todos sabiam: agora se faz justiça. No silêncio só se ouviam os suspiros do condenado, abafados pelo feltro... Como captávamos todos a expressão de transfiguração no rosto martirizado, como banhávamos nossas faces no brilho dessa justiça finalmente alcançada e que logo se desvanecia! Que tempos aqueles, meu camarada!"

É a justiça na sua plenitude, sem intermediários: diretamente na pele do sujeito ela grava a sua sentença e o cara vai sentindo a justiça sendo feita e quem está por perto nem precisa ver pra saber o que se cumpre.
Leio hoje sobre prisões em Minas Gerais: ratos que comem até a carne dos cadáveres de presos mortos em rebeliões, baratas pelas paredes e lacraias que entram nos ouvidos, comida azeda, dormir sentado, 90 homens onde cabem 9, alguns a quase um ano: a MAQUINA DA JUSTIÇA funcionando.

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