I
Quando ZARATUSTRA completou trinta anos
abandonou tudo o que tinha
e o que não tinha
e foi para a montanha.
Lá, durante dez anos,
alimentou-se do seu espírito e da sua solidão,
sem nunca se fatigar.
Mas um dia,
finalmente,
mudou tudo, até o coração,
e de manhã, ao levantar-se com Aurora
pôs-se diante do sol
e assim falou:
- Grande astro, o que seria da tua felicidade
se te faltassem aqueles a quem iluminas?
Há dez anos ascendes até a minha caverna
e ter-te-ias cansado da tua luz e deste trajeto
se não estivéssemos lá,
eu, minha águia e minha serpente.
Mas, nós te esperávamos todas as manhãs
para tomarmos o teu perfume,
e por isso te bem dizíamos.
Vê:
estou como a abelha que acumulou muito mel.
Quero dar e repartir
até o dia em que os sábios entre os homens
sintam-se alegres de sua loucura
e os pobres de sua riqueza.
Por isso devo descer às profundidades,
como tu durante a noite
quando mergulhas abaixo do mar
para levar a tua luz ao mundo inferior.
E devo “descer” como Sol,
como dizem os homens
pra quem quero baixar.
Bendiz-me, portanto, olho tranqüilo,
que podes ver sem inveja até o excesso de felicidade.
Bendiz o cálice que vai dar de beber,
para que dele fluam as douradas águas,
levando a todos os lados o reflexo da tua delícia.
Olha!
Este cálice deseja esvaziar-se outra vez
e ZARATUSTRA outra vez
quer tornar-se homem!
Assim começou a descida de ZARATUSTRA.
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